Ocupando cerca de um quarto do território brasileiro, o Cerrado é a principal fronteira de expansão da agropecuária desde meados dos anos 1960. Hoje, em mais de 40% de seu território, ou 850 mil quilômetros quadrados, são encontradas pastagens cultivadas e plantios de soja, algodão, eucaliptos e cana-de-açúcar.
Cerca de seis em cada dez hectares de terras no bioma são naturalmente aptos à agricultura mecanizada, característica que o tornou responsável por um quarto da produção nacional de grãos e por abrigar quatro em cada dez cabeças do rebanho bovino nacional.
Além disso, metade das quase dez milhões de toneladas de carvão vegetal produzidas por ano no Brasil vem do desmatamento de Cerrado nativo e, vale ressaltar, estimativas apontam que 70% das pastagens cultivadas brasileiras estão degradadas, majoritariamente no Cerrado e áreas de transição entre o bioma e a Amazônia. Isso prejudica a produtividade e a sustentabilidade da própria pecuária.
O resultado desse uso intensivo do bioma, incentivado ora por políticas públicas, ora por demandas privadas, foi a perda de metade da vegetação original do Cerrado, conforme dados do governo federal. Apenas entre 2002 e 2008, foram desmatados em média 14,2 mil quilômetros quadrados por ano. Apenas 20% do bioma estão intactos e menos de 3% estão efetivamente protegidos em unidades de conservação de proteção integral, como parques nacionais e estaduais.
O desmatamento legal é um dos grandes motores das perdas de vegetação nativa no bioma. Enquanto na Amazônia é preciso manter oito em cada dez hectares de florestas em propriedades rurais, no Cerrado a relação é exatamente inversa: produtores rurais podem preservar apenas dois em cada dez hectares de vegetação.
Distribuição espacial das classes de uso da terra no bioma Cerrado referente ao ano de 2002. Fonte: Sano et al. (2008)
Matéria extraída do site:http://cuidardanatureza.wwf.org.br