Desmatamento acelerado
Um dos influenciadores para as mudanças climáticas, fruto da ganância e do instinto destrutivo do Homem é o desmatamento. Principalmente por causa da pecuária extensiva e por madeireiros ilegais, a Amazônia vem sendo devastada.
A Amazônia está situada em sua porção centro-norte; é cortada pela linha equatorial e, portanto, compreendida em área de baixas latitudes. Ocupa cerca de 2/5 do continente e mais da metade do Brasil. Inclui nove países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A Amazônia brasileira compreende 3.581 km², o que equivale a 42,07% do país. A chamada Amazônia Legal é maior ainda, cobrindo 60% do território em um total de cinco milhões de Km2. Ela abrange os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima e Tocantins.
O sistema DETER - Detecção do Desmatamento em Tempo Real, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), registrou nos meses de fevereiro, março e abril de 2009, respectivamente, 143 km², 17 km² e 37 km² de desmatamentos por corte raso ou degradação progressiva na Amazônia Legal, totalizando 197 km².
A Mata Atlântica também vem sendo arrasada. Devastação atingiu 102,9 mil hectares entre 2005 e 2008; atualmente restam apenas 11,4% das áreas originais. A taxa de desmatamento da mata atlântica mantém o mesmo ritmo desde 2000. Segundo o atlas dos remanescentes feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela ONG SOS Mata Atlântica, o bioma perdeu 102.938 hectares entre 2005 e 2008, mais de 34 mil hectares por ano.
Entre 2000 e 2005, foi registrada a perda de 34.965 hectares anualmente. Os números referem-se a 10 dos 17 Estados onde há mata atlântica. É uma área pequena (o município de São Paulo, por exemplo, tem 150.900 hectares), mas não para a mata atlântica: o bioma mais explorado do País tem hoje 11,41% dos 131 milhões de hectares que havia quando os portugueses chegaram. É nesse trecho que moram 112 milhões de brasileiros, que dependem dos serviços ambientais fornecidos pela floresta - disponibilidade de água, por exemplo. “Grande parte do que sobrou está em mãos de proprietários particulares e, neste sentido, a participação deles é importante para garantir a manutenção das áreas, especialmente das matas ciliares”, diz Marcia Hirota, coordenadora do atlas. Minas foi o Estado que apresentou a maior área desmatada nos últimos três anos: 32,7 mil ha. Ela se concentra onde a mata atlântica encontra outro bioma tipicamente brasileiro, e ameaçado, o cerrado. O mesmo acontece na Bahia, em terceiro lugar entre os Estados que mais cortaram árvores - segundo o atlas -, os baianos perderam pouco mais de 24 mil ha no período. Tão importante quanto a taxa de desmatamento é a situação do que restou. De acordo com o atlas, dos 233 mil fragmentos florestais com mais de 3 hectares existentes na mata atlântica, só 18,4 mil são maiores que 100 hectares. Ou seja, a maioria é formada por pequenas ilhas isoladas de floresta, muitas vezes completamente desconectadas umas das outras.
A fragmentação funciona como uma implosão: as árvores e os animais que se encontram naquele pedaço cruzam entre si, enfraquecendo a espécie. Além disso, essas “ilhas verdes” ficam mais expostas a pressões ambientais. “A falta de conexão causa sérios problemas, o chamado efeito de borda (agressão por fogo, veneno, sementes de capim, plantas invasoras)”, explica Mário Mantovani, diretor de mobilização da ONG. (O Estado de S. Paulo, maio de 2009)
Um dos biomas mais importantes do Brasil, o Pantanal também vem sendo arrasado principalmente pela pecuária na região Centro-Oeste do país. É um bioma constituído principalmente por savana estépica alagada em sua maior parte com 250 mil km² de extensão, altitude média de 100 metros, situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco boliviano), considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. O nome complexo vem do fato de a região ter mais de um Pantanal dentro de si. Em que pese o nome, há um reduzido número de áreas pantanosas na região pantaneira. Com quase 17% da sua vegetação original já transformada, e com uma taxa de devastação média anual de 2,3%, bastarão 45 anos para que tudo desapareça. Ou seja, as belas imagens aéreas pantaneiras poderão estar apenas em arquivos.
Enquanto essa segunda área tem aproximadamente 600 mil quilômetros quadrados, a planície pantaneira propriamente dita ocupa 41% de toda a bacia, que se estende também a outros países da América do Sul. “Não adianta apenas olhar para o Pantanal. Nas áreas ao redor, mais altas, estão as nascentes dos rios que correm depois pela planície”, lembra Menezes. Quando se considera toda a área da bacia, a situação chega a ser até pior. O estudo mostrou que 45% da região já sofreu algum tipo de alteração. Além das ameaças futuras, como a de projetos que pretendem levar siderúrgicas para a região, o Pantanal está sendo morto pelas atividades em curso no seu interior.
Todo esse cenário faz parte de um delicado equilíbrio em uma balança que já começa a pender para um dos lados, e não é o mais otimista deles.
Mapa da devastação da Mata Atlântica
Fonte: Fundação S.O.S Mata Atlântica e Instituto de pesquisas espaciais (INPE)
ando cerca de um quarto do território brasileiro, o Cerrado é a principal fronteira Economia e conservação no Cerrado
Ocupando cerca de um quarto do território brasileiro, o Cerrado é a principal fronteira de expansão da agropecuária desde meados dos anos 1960. Hoje, em mais de 40% de seu território, ou 850 mil quilômetros quadrados, são encontradas pastagens cultivadas e plantios de soja, algodão, eucaliptos e cana-de-açúcar.
Cerca de seis em cada dez hectares de terras no bioma são naturalmente aptos à agricultura mecanizada, característica que o tornou responsável por um quarto da produção nacional de grãos e por abrigar quatro em cada dez cabeças do rebanho bovino nacional.
Além disso, metade das quase dez milhões de toneladas de carvão vegetal produzidas por ano no Brasil vem do desmatamento de Cerrado nativo e, vale ressaltar, estimativas apontam que 70% das pastagens cultivadas brasileiras estão degradadas, majoritariamente no Cerrado e áreas de transição entre o bioma e a Amazônia. Isso prejudica a produtividade e a sustentabilidade da própria pecuária.
O resultado desse uso intensivo do bioma, incentivado ora por políticas públicas, ora por demandas privadas, foi a perda de metade da vegetação original do Cerrado, conforme dados do governo federal. Apenas entre 2002 e 2008, foram desmatados em média 14,2 mil quilômetros quadrados por ano. Apenas 20% do bioma estão intactos e menos de 3% estão efetivamente protegidos em unidades de conservação de proteção integral, como parques nacionais e estaduais.
O desmatamento legal é um dos grandes motores das perdas de vegetação nativa no bioma. Enquanto na Amazônia é preciso manter oito em cada dez hectares de florestas em propriedades rurais, no Cerrado a relação é exatamente inversa: produtores rurais podem preservar apenas dois em cada dez hectares de vegetação.
Distribuição espacial das classes de uso da terra no bioma Cerrado referente ao ano de 2002. Fonte: Sano et al. (2008)
Matéria extraída do site:http://cuidardanatureza.wwf.org.br